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Lição 1 Perseguidos, mas não abandonados

27 DE DEZEMBRO A 02 DE JANEIRO
1º Trimestre 2026
Lição 1 - Perseguidos, mas não abandonados | 1º Trimestre 2026
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Verso para Memorizar “Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!” (Fp 4:4).
SÁBADO SÁBADO À TARDE
RPSP: 1SM 19

Introdução

Certo pastor adventista, preso sob falsas acusações, passou quase dois anos encarcerado. Embora inicialmente perplexo, ele percebeu que a prisão era o campo missionário que Deus lhe havia designado. Quando seus companheiros de cela souberam que ele era pastor, pediram para que pregasse. Ele atendeu ao pedido e distribuiu literatura. Chegou a batizar alguns prisioneiros e realizar a Ceia do Senhor. Ele admitiu: “Às vezes, era difícil realizar o trabalho na prisão, mas tive alegria, especialmente ao ver orações respondidas e vidas transformadas.”

Paulo escreveu os livros Filipenses e Colossenses enquanto estava preso (Fp 1:7; Cl 4:3). Em Filipos, Paulo e Silas foram acusados injustamente. Depois, o carcereiro “prendeu os pés deles no tronco”. À meia-noite, eles “oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam” (At 16:24, 25). Eles sabiam como se alegrar em todas as circunstâncias.

Nesta semana, refletiremos sobre algumas das situações enfrentadas por Paulo. Ele entendeu que havia um propósito maior em tudo o que acontecia; por isso, temos muito a aprender com seu exemplo ao enfrentarmos provações.
Leituras da Semana
Ef 3:1; 2Co 4:7-12; At 9:16; Fm 15, 16; Cl 4:9; Fp 1:1-3; Cl 1:1, 2
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DOMINGO 28 DE DEZEMBRO
RPSP: 1SM 20

Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo

Filipenses e Colossenses são conhecidas como “Cartas da Prisão”, porque foram escritas enquanto Paulo estava encarcerado; Efésios e Filemom pertencem ao mesmo grupo de livros. A maioria dos estudiosos acredita que essas cartas foram escritas enquanto Paulo estava em Roma, por volta dos anos 60 a 62 d.C. (veja At 28:16).

1. Leia Efésios 3:1 e Filemom 1. Como Paulo descreveu sua prisão? Qual era a importância disso para sua missão?

Paulo dedicou a vida ao serviço de Jesus Cristo. Se esse serviço incluía ser preso, ele estava preparado. O apóstolo se descreve como um “embaixador em cadeias” (Ef 6:20). Ele havia realizado viagens missionárias, estabelecido igrejas e treinado obreiros para o Senhor. Ele poderia ter se perguntado: “Por que estou aqui, quando poderia fazer muito mais sem essas correntes?” Quando estava preso pela segunda vez, em Roma, Paulo escreveu 2 Timóteo, que é considerada uma Epístola Pastoral. Portanto, pelo menos cinco livros do NT foram escritos enquanto ele estava na prisão.

Em nenhuma dessas cartas, Paulo menciona exatamente onde estava preso. Por isso, alguns sugerem que tenha sido em Éfeso ou Cesareia. No entanto, não há evidências bíblicas de que ele tenha sido preso em Éfeso. Cesareia poderia ser uma possibilidade mais viável, mas não havia nenhuma ameaça à vida de Paulo nessa cidade. Porém, quando a Carta aos Filipenses foi escrita, claramente havia essa ameaça (veja Fp 1:20; 2:17). 

Essa carta dá outras pistas sobre o local em que Paulo estava preso. Em primeiro lugar, ele menciona um “pretório”, que pode se referir à residência oficial do governador de uma província, como a de Jerusalém, onde Jesus foi interrogado por Pilatos (Mt 27:27; Jo 18:33), ou a de Cesareia, onde Paulo esteve preso (At 23:35). Contudo, Paulo usou esse termo para se referir a um grupo de pessoas, não a um local. Ele disse que “toda a guarda pretoriana” passou a conhecer o evangelho (Fp 1:13). Em Roma, essa guarda era formada por soldados de elite, chegando a 14 mil pessoas que protegiam o imperador e guardavam seus prisioneiros.

Segundo, Paulo também enviou saudações dos crentes que estavam na “casa de César” (Fp 4:22), indicando que ele estava preso em Roma, em contato com os que serviam no palácio imperial.

Como tirar proveito das dificuldades? Por que isso nem sempre é algo fácil de fazer?
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SEGUNDA-FEIRA 29 DE DEZEMBRO
RPSP: 1SM 21

Paulo em algemas

Enquanto estava na Macedônia, Paulo mencionou ter enfrentado prisões (2Co 6:5; 11:23; 7:5). A primeira prisão registrada aconteceu em Filipos (At 16:16-24). Depois, ele foi preso por um breve período em Jerusalém, antes de ser transferido para uma prisão em Cesareia.

Em outra ocasião, Paulo disse estar “entre algemas” (Fm 10, 13). Durante sua prisão domiciliar em Roma, ele estava acorrentado a um soldado romano de elite. Inácio de Antioquia, líder cristão do início do 2o século d.C. que também esteve nessa condição, descreveu os soldados como “feras selvagens [...] que só pioram quando são bem tratadas” (Michael W. Holmes, ed., The Apostolic Fathers: Greek Texts and English Translations [Baker Academic, 2007], p. 231).

2. Como Paulo conseguia suportar as provações? Qual era o foco de sua vida? 2Co 4:7-12

Por mais difíceis que fossem as circunstâncias, Paulo sempre conseguia enxergar um lado positivo, e isso lhe dava forças para suportar as pressões. Mesmo enfrentando todos os ataques de Satanás, ele tinha a certeza de que Deus não o havia desamparado.

3. Quais recursos espirituais Paulo tinha para enfrentar as dificuldades? 2Co 6:3-7

Somos tentados a olhar para as circunstâncias que enfrentamos, ou para fraquezas e fracassos, e desanimar. Nesses momentos, precisamos nos lembrar das ferramentas extraordinárias que Deus nos deu para enfrentar o mal. Uma das mais importantes é a própria Bíblia, a “palavra da verdade” (2Co 6:7), pois nela aprendemos com os erros e acertos de outras pessoas. Além disso, o Espírito Santo “torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito que o coração é purificado. Por Ele, o crente se torna participante da natureza divina. Cristo deu Seu Espírito como um poder divino para vencer toda tendência hereditária e cultivada para o mal e gravar o próprio caráter em Sua igreja” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 540).

Como mostrar que somos “ministros de Deus” (2Co 6:4)? O que isso significa?
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TERÇA-FEIRA 30 DE DEZEMBRO
RPSP: 1SM 22

Paulo em Filipos

Na segunda viagem missionária, depois que Timóteo se juntou à equipe, Paulo e seus companheiros foram impedidos pelo Espírito Santo de continuar viajando pela Ásia Menor. Em uma visão, Paulo contemplou um homem suplicando: “Passe à Macedônia e ajude-nos”. Sem hesitar, eles se dirigiram ao porto mais próximo, embarcaram e cruzaram o mar Egeu até Neápolis. No entanto, em vez de evangelizar esse lugar, seguiram para Filipos (At 16:6, 9). Lucas se juntou ao grupo em Trôade, conforme indica o uso da palavra "fomos" (At 16:11).

Paulo planejava suas missões de modo estratégico. Filipos era a “principal cidade” do distrito da Macedônia (At 16:12, NVI). Era uma das mais prestigiadas do Império Romano, tendo recebido o status de Ius Italicum (“direito itálico”), o mais alto reconhecimento que uma cidade obtinha. Isso significava que seus habitantes tinham os mesmos direitos que as pessoas nascidas na Itália, incluindo isenção de impostos sobre terras e impostos pessoais. Além disso, qualquer pessoa nascida nesse local recebia automaticamente a cidadania romana. Filipos era um ponto-chave na Via Egnácia, a principal estrada que ligava Roma ao Oriente. Estabelecer uma comunidade cristã nessa cidade facilitaria a propagação do evangelho para localidades próximas, como Anfípolis, Apolônia, Tessalônica e Bereia (At 17:1, 10).

Curiosamente, a língua oficial de Filipos na época dos apóstolos era o latim, como demonstrado por muitas inscrições que existem nessa língua. Em Filipenses 4:15, Paulo se dirigiu aos seus leitores usando um adjetivo com sonoridade latina, philipp?sioi (“filipenses”), possivelmente em reconhecimento à condição especial da cidade no império. No entanto, o grego era o idioma mais comum nos mercados e na região, sendo a principal língua usada para pregar o evangelho. Paulo e sua equipe participaram de uma reunião de oração às margens do rio, onde Lídia e sua família se converteram (At 16:13-15). Sendo “vendedora de púrpura”, ela deve ter sido uma das apoiadoras financeiras do ministério de Paulo em Filipos. Depois, a prisão de Paulo e Silas influenciou a conversão de outra família, a do carcereiro.

O Espírito Santo guiou Paulo a Filipos porque sabia que a cidade seria um ponto estratégico para a expansão do evangelho na Europa, apesar das perseguições que viriam. Por mais cruel que seja, a perseguição, em algumas circunstâncias, pode abrir oportunidades para que o evangelho alcance pessoas que, de outra forma, talvez nunca o ouviriam.

Leia Atos 9:16. Deus revelou a Paulo os desafios que o apóstolo enfrentaria por causa do nome de Jesus. Isso sugere que nós também enfrentaremos dificuldades?
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QUARTA-FEIRA 31 DE DEZEMBRO
RPSP: 1SM 23

Paulo e Colossos

Não há registro de uma visita de Paulo a Colossos, o que revela a eficácia de sua estratégia evangelística. O evangelho chegou à cidade por meio de Epafras, morador local que levou a mensagem aos seus conterrâneos (Cl 4:12; 1:7). Mas como ele foi convertido? Possivelmente isso ocorreu na década de 50 d.C., quando Paulo esteve na cidade vizinha, Éfeso, e “todos os habitantes da província da Ásia ouviram a palavra do Senhor” (At 19:10; At 20:31).

O evangelho se espalhou nessa região (Ap 1:4). A explicação para esse crescimento, incluindo a chegada da mensagem a Colossos, é o trabalho dos que ouviram a pregação de Paulo em Éfeso – cidade mais importante da Ásia Menor e grande centro portuário – e depois levaram o evangelho para suas cidades. Epafras foi um desses convertidos e, tornando-se colaborador de Paulo, retornou a Colossos para compartilhar a mensagem do evangelho. 

Só recentemente arqueólogos começaram a escavar Colossos, localizada cerca de 15 quilômetros a sudeste de Laodiceia. Por isso, há menos informações sobre ela do que a respeito de outras cidades da região. No entanto, há evidências de que ela possuía uma população judaica significativa, de “cerca de dez mil judeus na região da Frígia” (Arthur G. Patzia, “Ephesians, Colossians, Philemon”, New International Biblical Commentary [Hendrickson, 1990], p. 3). Moedas de Colossos sugerem que, como em outras cidades romanas, seus habitantes adoravam inúmeros deuses. As práticas pagãs e as influências culturais eram desafios na evangelização e na fidelidade ao evangelho. Outro cristão conhecido de Colossos foi Filemom, que talvez tenha se convertido na mesma época que Epafras.

4. Leia Filemom 15, 16 e Colossenses 4:9. Que atitude Paulo sugeriu, de forma sutil, que Filemom tomasse em relação a Onésimo?

A lei romana exigia que Paulo devolvesse o escravo Onésimo a Filemom. No entanto, o apóstolo apelou ao coração e à consciência de Filemom como irmão na fé e o incentivou a receber Onésimo, “não mais como escravo, mas [...] como irmão amado” (Fm 16, NVI).

Por mais que repudiemos a escravidão, como entender os conselhos do apóstolo a Filemom? (É interessante que, no período da escravidão nos Estados Unidos, Ellen White orientou os adventistas a desafiar a lei que exigia a devolução de escravos fugitivos).
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QUINTA-FEIRA 01 DE JANEIRO
RPSP: 1SM 24

As igrejas de Filipos e Colossos

5. Leia Filipenses 1:1-3 e Colossenses 1:1, 2. Como Paulo descreve as igrejas de Filipos e Colossos? O que essa descrição nos ensina?

Em suas cartas, Paulo costumava saudar os cristãos chamando-os de “santos”. Isso significa que, por meio do batismo, eles foram separados para ser o povo especial de Deus. De igual forma, Israel, por meio da circuncisão, foi separado como uma “nação santa” (Êx 19:5, 6; 1Pe 2:9, 10). Isso não tem a ver com a prática católica de canonizar pessoas como “santos”.

É interessante comparar as saudações encontradas nas duas cartas. Em Filipenses, Paulo mencionou “bispos e diáconos” (Fp 1:1); em Colossenses, ele se dirigiu aos “santos e fiéis irmãos em Cristo” (Cl 1:2). No NT “fiéis irmãos” refere-se a pessoas que desenvolviam um ministé-rio na igreja (Ef 6:21; Cl 4:7; 1Pe 5:12). Isso indica que Paulo não se dirigiu apenas aos membros, mas também aos líderes. O apóstolo mencionou funções de liderança descritas com detalhes em outras passagens (1Tm 3:1-12; Tt 1:5-9). Isso mostra que, desde o início, a igreja já possuía e valorizava uma organização estruturada.

Treinar colaboradores como Timóteo e Epafras e preparar líderes para as igrejas era uma prioridade de Paulo, pois ampliava seus esforços. Havia uma estratégia para alcançar novos convertidos e fortalecer a igreja. Os primeiros adventistas seguiram o modelo de organização da igreja do NT, como mostram artigos da Review and Herald, revista oficial da igreja, na década de 1850. Tiago White escreveu: “A ordem divina apresentada no NT é suficiente para organizar a igreja de Cristo. Se algo adicional fosse necessário, teria sido dado por inspiração” (Review and Herald, 06/12/1853). Muito antes de Paulo escrever a essas igrejas, os apóstolos já haviam começado a estabelecer líderes em Jerusalém (At 6:1-6; 11:30). Segundo Ellen G. White, “a organização da igreja em Jerusalém deveria servir de modelo para as outras comunidades, em todos os lugares em que mensageiros da verdade conquistassem conversos para o evangelho” (Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 58).

Sabemos que Paulo, em algumas ocasiões, usou assistentes literários para escrever suas cartas. Timóteo também é citado como remetente adjunto de algumas epístolas (2Co 1:1; Fm 1). No entanto, o fato de Paulo usar a palavra “eu” em vez de “nós” revela que sua autoridade apostólica estava por trás dessas cartas.
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SEXTA-FEIRA 02 DE JANEIRO
RPSP: 1SM 25

Estudo adicional

“Deus escolheu você para a salvação por meio da santificação do Espírito e da fé na verdade. Portanto, permaneça firme. [...] Se você servir a Deus com fidelidade, enfrentará preconceitos e oposição. Ainda assim, não permita que a injustiça o irrite nem retribua o mal com o mal. Preserve sua integridade em Jesus Cristo e mantenha seu olhar fixo no Céu. Deixe que os outros digam o que quiserem e sigam seus próprios caminhos; quanto a você, avance com mansidão e humildade, seguindo o exemplo de Cristo. Realize sua obra com propósito firme, pureza de coração e com todas as suas forças, apoiando-se no braço de Deus. Talvez você nunca compreenda plenamente a verdadeira e elevada natureza de sua missão. O valor de sua vida só pode ser medido pela vida que foi entregue para salvá-lo. [...]

“Para cada pessoa que está crescendo em Cristo, haverá momentos de luta intensa e prolongada, pois os poderes das trevas estão determinados a impedir esse progresso. Contudo, enquanto mantivermos nossos olhos fixos na cruz de Cristo em busca de graça, jamais cairemos. O Redentor nos promete: ‘De maneira alguma deixarei você, nunca jamais o abandonarei’ (Hb 13:5); ‘Eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos’” (Mt 28:20; Ellen G. White, The Youth’s Instructor, 9/11/1899).

Perguntas para consideração

1. Paulo foi preso várias vezes, sempre de forma injusta. Como você reage quando é tratado de maneira semelhantemente injusta? Que promessas bíblicas trazem conforto nesses momentos?

2. Tertuliano, líder da igreja antiga, afirmou: “Quanto mais somos cortados por vocês, mais numerosos nos tornamos; o sangue dos cristãos é uma semente” (Alexander Roberts e James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers [Hendrickson, 1999], v. 3, p. 55). No entanto, a perseguição dificultou o cumprimento da missão. Como apoiar os perseguidos por sua fé?

3. Apesar das dificuldades, Paulo escreveu: “Alegrem-se sempre” (Fp 4:4). É possível ser alegre quando alguém que você ama está doente ou falece, ou quando passamos por outras lutas? A chave para compreender essa passagem é perguntar: “Devemos nos alegrar sempre em quê?” Ou seja, independentemente da situação, qual é o fundamento da nossa alegria?

Respostas às perguntas da semana: 1. Paulo se via como prisioneiro de Cristo, não de Roma. Sua prisão foi usada no plano de Deus para salvar pessoas. 2. Ele confiava no poder de Deus. Seu foco era refletir jesus em meio ao sofrimento. 3. A presença do Espírito Santo, pureza de coração, paciência e o poder de Deus agindo por meio da verdade. 4. Que Filemom o recebesse como irmão, não mais como escravo. 5. Santos e fiéis. Isso mostra que, mesmo com desafios, eles permaneceram firmes em Cristo.
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