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Lição 9 Herdeiros das promessas, prisioneiros da esperança

22 A 28 DE NOVEMBRO
4º Trimestre 2025
Lição 9 - Herdeiros das promessas, prisioneiros da esperança | 4º Trimestre 2025
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Verso para Memorizar “Voltem para a fortaleza, ó prisioneiros da esperança! Também hoje anuncio que lhes restituirei tudo em dobro” (Zc 9:12).
SÁBADO SÁBADO À TARDE
RPSP: JZ 9

Introdução

Os capítulos 13 a 21 de Josué contêm longas listas de fronteiras e divisões de terras destinadas às tribos de Israel. Para muitos leitores de hoje, essas descrições podem parecer irrelevantes, mas elas têm um significado teológico importante. Essas listas mostram que a Terra Prometida não era apenas uma ideia distante, mas uma promessa concreta e real. Deus queria ensinar aos israelitas que o território prometido era algo tangível, e eles precisavam agir com fé para tornar essa promessa uma realidade.

A terra seria dada aos israelitas como herança, um presente que cumpria a promessa feita por Deus a seus antepassados: “Eis aqui a terra que Eu pus diante de vocês; entrem e tomem posse da terra que o Senhor, com juramento, deu a seus pais, a Abraão, Isaque e Jacó, a eles e à sua descendência depois deles” (Dt 1:8).

Nesta semana, vamos explorar alguns conceitos teológicos relacionados à Terra Prometida e refletir sobre sua relevância espiritual para aqueles que, hoje, confiam nas promessas de Deus em Jesus.
Leituras da Semana
Gn 3:17-24; Dt 6:3; Js 13:1-7; Hb 12:28; Lv 25:1-5, 8-13; Ez 37:14, 25
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DOMINGO 23 DE NOVEMBRO
RPSP: JZ 10

Éden e Canaã

1. Leia Gênesis 2:15; 3:17-24. Quais foram as consequências da queda em relação à duração de vida do primeiro casal?

Na criação, Deus colocou Adão e Eva em um ambiente perfeito, repleto de abundância e beleza. O casal conheceu seu Criador em um lugar que supria todas as suas necessidades físicas. Além da palavra falada de Deus, o jardim do Éden servia como um centro de aprendizado, onde adquiriram uma compreensão profunda do caráter divino e da vida que o Senhor desejava para eles. No entanto, ao quebrar o relacionamento de confiança com o Criador, essa conexão com o jardim também se desfez e, como consequência, tive-ram que deixá-lo. Perderam o território que Deus havia confiado a eles. O jardim do Éden passou a simbolizar a vida abundante, uma imagem que redescobriremos no tema da Terra Prometida.

2. Como os patriarcas entendiam a promessa da Terra Prometida? Leia Gênesis 13:14, 15; 26:3, 24; 28:13. O que significa, para nós adventistas, viver como herdeiros das promessas? Hb 6:11-15

Quando Abraão chegou ao território que Deus lhe havia indicado, aquele lugar, pela fé, tornou-se a Terra Prometida para ele e seus descendentes. No entanto, por 400 anos, essa terra permaneceu apenas como promessa. Os patriarcas não chegaram a possuí-la de fato; não tinham posse que pudessem passar para seus filhos como herança. A terra pertencia a Deus, assim como o jardim do Éden Lhe pertencia. Da mesma forma que Adão e Eva não fizeram nada para merecer o Éden, Israel também não fez nada para merecer aquele território. A Terra Prometida foi um presente de Deus, fruto de Sua iniciativa. Israel não tinha nenhum direito natural ou reivindicação sobre a posse da terra (Dt 9:4-6); somente pela graça de Deus poderiam desfrutá-la.

Os patriarcas eram herdeiros das promessas até que elas se cumprissem. Da mesma forma, como seguidores de Cristo, herdamos promessas ainda maiores (Hb 8:6), que se realizarão se formos “imitadores daqueles que, pela fé e pela paciência, herdam as promessas” (Hb 6:12).
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SEGUNDA-FEIRA 24 DE NOVEMBRO
RPSP: JZ 11

A terra como dádiva

3. Leia Êxodo 3:8; Levítico 20:22; 25:23; Números 13:27; Deuteronômio 4:1, 25, 26; 6:3; Salmo 24:1. Qual era o relacionamento especial entre Deus, Israel e a Terra Prometida?

No aspecto mais básico, o território oferece à nação uma identidade física. Ao definir sua localização, ele também determina a profissão e o modo de vida do povo. Por outro lado, os escravos não possuem raízes e não pertencem a lugar algum; outra pessoa se beneficia do fruto de seu trabalho. Ter um território significa liberdade. A identidade do povo escolhido estava profundamente conectada à sua permanência na terra.

Havia uma relação especial entre Deus, Israel e a terra. Israel recebeu a terra de Deus como um presente, não como um direito inalienável. O povo escolhido só poderia habitar na terra enquanto mantivesse uma aliança com Yahweh e seguisse os preceitos dessa aliança. Em outras palavras, eles não poderiam desfrutar a terra e suas bênçãos sem a aprovação divina.

Além disso, a terra funcionava como uma janela pela qual Israel tinha uma visão mais ampla de Deus. Viver ali lhes recordava constantemente de que Deus era fiel, cumpria Suas promessas e era digno de confiança. Nem a terra, nem Israel existiriam sem a iniciativa divina, que era a base de sua existência. No Egito, eles dependiam do Nilo e de sistemas de irrigação, aliados ao trabalho árduo, para garantir as colheitas necessárias à sua subsistência. Canaã, no entanto, era diferente. Lá, a prosperidade das colheitas dependia da chuva, e apenas Deus controlava o clima. Dessa forma, a terra reforçava a lembrança da contínua dependência de Israel em relação a Deus.

Embora Israel tenha recebido a terra como um presente de Yahweh, em última análise, Deus permanecia o verdadeiro dono. Como Senhor de toda a criação (Sl 24:1), Yahweh tinha o direito de dar a terra a Israel ou retirá-la. Se Deus é o proprietário, os israelitas – e, por extensão, todos os seres humanos – são apenas estrangeiros e peregrinos. Em outras palavras, somos hóspedes permanentes de Deus em Seu mundo.

À luz de 1 Pedro 2:11 e Hebreus 11:9-13, o que para você significa viver como um estrangeiro e peregrino, aguardando a cidade cujo arquiteto e construtor é o próprio Deus?
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TERÇA-FEIRA 25 DE NOVEMBRO
RPSP: JZ 12

O desafio da terra

4. Leia Josué 13:1-7. Embora a terra de Canaã tenha sido um presente de Deus, quais foram alguns dos desafios enfrentados ao tomar posse dela?

Considerando que os israelitas viveram como escravos por séculos, suas habilidades militares eram limitadas para conquistar a Terra Prometida. Mesmo os egípcios, com seus exércitos treinados e bem armados, não conseguiram ocupar Canaã de forma duradoura. A conquista total da região foi impossível para eles devido às cidades muradas, que eram praticamente intransponíveis. Agora, uma nação composta por ex-escravos enfrentava a tarefa desafiadora de conquistar uma terra que seus antigos senhores não conseguiram dominar. Se algum dia eles conquistassem essa terra, seria unicamente pela graça de Deus, e não por seus próprios esforços.

Os capítulos 13 a 21 de Josué tratam da divisão da terra entre as diversas tribos de Israel. Essa distribuição não apenas indicava o que lhes era concedido, mas também destacava o que ainda precisava ser ocupado dentro daquele território. Os israelitas tinham a promessa de viver com segurança na herança que Deus lhes estava proporcionando. Eles eram, na verdade, inquilinos legítimos da terra que pertencia ao Senhor. Entretanto, a iniciativa de Deus precisava ser acompanhada por uma resposta ativa da parte deles. A primeira metade do livro narra como Deus entregou a terra ao desapropriar os cananeus; a segunda metade relata como Israel tomou posse da terra ao colonizá-la.

Essa complexidade da conquista ilustra o processo da salvação. Assim como Israel, não podemos fazer nada para conquistar nossa salvação (Ef 2:8, 9). Ela é um presente de Deus, assim como a terra era uma dádiva, fundamentada no relacionamento de aliança que Israel tinha com Ele. Isso, sem dúvida, não se baseava em seus próprios méritos (ver Dt 9:5).

Contudo, para que os israelitas pudessem desfrutar desse presente divino, era necessário que assumissem todas as responsabilidades que vinham com a vida na Terra Prometida. Essa dinâmica é semelhante ao processo de santificação que vivenciamos, resultado da nossa obediência de amor, como cidadãos do reino de Deus. Embora os dois processos não sejam idênticos, existem paralelos entre receber a terra pela graça e receber a salvação pela graça. Fomos agraciados com um presente maravilhoso, mas é algo que podemos perder se não cuidarmos dele com responsabilidade e vigilância.

De que maneira os cristãos hoje enfrentam desafios semelhantes aos que surgiram durante a ocupação da Terra Prometida? (Leia Fp 2:12, Hb 12:28.)
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QUARTA-FEIRA 26 DE NOVEMBRO
RPSP: JZ 13

O ano do jubileu

A Terra Prometida era tão essencial para a identidade de Israel como povo de Deus que não poderia ser dividida de maneira ampla e sem critérios. Sua repartição precisava ser feita entre tribos, clãs e famílias (Nm 34:13-18) para garantir que não ficasse nas mãos de algumas elites dominantes.

5. Leia Levítico 25:1-5, 8-13. Qual era o propósito do ano sabático e do ano do jubileu?

Ao contrário do Egito, onde as pessoas frequentemente perdiam suas terras e se tornavam servas do faraó, o propósito de Deus para os israelitas era garantir que eles nunca ficassem em uma situação de desvantagem permanente. A terra que cada família recebia não poderia ser possuída por ninguém de fora do seu clã ou família original. Na verdade, segundo o plano de Deus, a terra não poderia ser vendida; ela só poderia ser arrendada, e seu valor seria determinado com base nos anos restantes até o próximo ano do jubileu. Isso significava que, se alguém tivesse que “vender” sua propriedade familiar, seus parentes tinham a responsabilidade de resgatá-la antes do jubileu (Lv 25:25).

A forma como a terra foi distribuída nos ajuda a entender melhor a intenção no coração de Deus. Como nosso Pai celestial, Ele queria que Seus filhos fossem generosos com os que estavam em dificuldade, permitindo que as terras sus-tentassem todos a cada sete anos. O ano sabático aplicava a ideia do descanso do sábado em uma escala maior. Além de valorizar e encorajar o trabalho duro, a propriedade da terra exigia que as pessoas se respeitassem e cuidassem umas das outras, especialmente em tempos de dificuldade financeira.

As leis sobre a propriedade da terra ofereciam a cada israelita a chance de se libertar de situações opressivas, herdadas ou causadas por escolhas erra-das, e de ter um novo começo.

No fundo, essas leis transmitiam uma das verdades mais importantes sobre o propósito do evangelho: eliminar as divisões entre ricos e pobres, empregadores e empregados, privilegiados e desfavorecidos, reconhecendo que todos precisamos da graça de Deus.

Infelizmente, Israel não seguiu o padrão estabelecido por Deus e, após séculos, as advertências de Deus se tornaram realidade (2Cr 36:20, 21).

Como os princípios da distribuição de terras israelitas e do sábado podem nos lembrar que, aos olhos de Deus, todos nós somos iguais? De que maneira o sábado pode nos ajudar a evitar os ciclos de exploração e compulsão do consumismo que assolam muitas sociedades?
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QUINTA-FEIRA 27 DE NOVEMBRO
RPSP: JZ 14

A terra restaurada

6. Leia Jeremias 24:6; 31:16; Ezequiel 11:17; 28:25; 37:14, 25. Qual era a promessa de Deus a respeito do retorno de Israel à Terra Prometida e de que forma ela se concretizou?

Durante o exílio em Babilônia, os israelitas enfrentaram não apenas a dolorosa realidade de não ter raízes, mas também a promessa de que seu relacionamento com Deus – embora concretizado pela promessa da terra – não estava condicionado nem limitado à posse física dela. Quando confessaram seus pecados, se arrependeram e buscaram o Senhor de todo o coração, Deus cumpriu Sua promessa e os trouxe de volta à sua terra como um sinal de restauração. Ou seja, Ele ainda era seu Deus, mesmo na ausência da terra.

Entretanto, a promessa de Israel de possuir a terra para sempre era condicional (Dt 28:63, 64; Js 23:13, 15; 1Rs 9:7; 2Rs 17:23; Jr 12:10-12). Da mesma forma, a promessa de reassentamento e prosperidade na terra após o exílio também dependia de condições. Ao mesmo tempo, os profetas do AT apontaram para uma restauração que seria trazida pelo futuro Rei descendente de Davi (Is 9:6, 7; Zc 9:9, 16). Essa promessa se concretizou na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, em quem se cumprem todas as promessas feitas ao antigo Israel.

Embora o NT não mencione diretamente a Terra Prometida, ele afirma que as promessas de Deus se realizaram em Jesus Cristo e por meio Dele (2Co 1:20; Rm 15:8). Assim, à luz de Cristo, a Terra Prometida é reinterpretada e se torna um símbolo das bênçãos espirituais que Deus planeja conceder ao Seu povo fiel, tanto agora quanto na eternidade (Ef 2:6).

O cumprimento final da promessa divina de descanso, abundância e bem-estar na Terra Prometida ocorrerá na nova Terra, livre do pecado e de suas consequências. Nesse sentido, como cristãos, nossa esperança se fundamenta na promessa de Cristo de que Ele voltará e, após um período de mil anos no Céu, estabelecerá Seu reino eterno na Terra renovada. Esse será o cumprimento final de todas as promessas relacionadas à Terra Prometida.

Leia João 14:1-3; Tito 2:13 e Apocalipse 21:1-3. Qual é a esperança final apresentada nesses versos e de que maneira a morte de Jesus assegura o cumprimento dessa esperança?
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SEXTA-FEIRA 28 DE NOVEMBRO
RPSP: JZ 15

Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 555-560 (“A vitória do amor”).

“Seremos salvos eternamente quando entrarmos pelas portas para a cidade. Então poderemos nos regozijar de estar salvos, eternamente salvos. Até então, porém, precisamos atender à exigência do apóstolo, e temer ‘que, porventura, deixada a promessa de entrar no Seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás’ (Hb 4:1). Ter certo conhecimento de Canaã, cantar os hinos de Canaã, regozijar-se na perspectiva de entrar em Canaã, não levou os filhos de Israel às vinhas e olivais da Terra Prometida. Eles só os podiam tornar realmente seus pela ocupação, cumprindo as condições, exercendo fé viva em Deus, apoderando-se de Suas promessas” (Ellen G. White, Para Conhecê-Lo [CPB, 1965], 5 de junho).

“Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada ‘pátria’ (Hb 11:14-16). Ali o Pastor celestial conduz Seu rebanho às fontes de água viva. [...] Ali as extensas planícies se expandem na direção de lindas colinas, e as montanhas de Deus erguem seus majestosos cumes. Nessas planícies pacíficas, ao lado daquelas correntes cristalinas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 558).

Perguntas para consideração

1. Pense na Terra Prometida como um símbolo da vida abundante que Cristo prometeu a Seus seguidores em João 10:10. Como os benefícios de viver na Terra renovada mostram as bênçãos da salvação?

2. A cidadania influencia o estilo de vida? O que significa viver como parte do reino de Deus?

3. Muitas vezes, ficamos decepcionados por promessas não cumpridas, até mesmo as que fazemos a nós mesmos. Por que podemos confiar nas promessas de Deus?

4. Como a promessa da nova Terra pode se tornar parte do nosso futuro de forma real e concreta, mesmo agora?

Respostas às perguntas da semana: 1. Após a queda, a duração da vida humana foi progressivamente reduzida, marcando o início do processo de degeneração física e espiritual. 2. Os patriarcas entendiam a promessa da terra como aliança eterna, e nós, como adventistas, vivemos como herdeiros espirituais dessa promessa, aguardando “uma pátria superior, isto é, celestial”. 3. A Terra Prometida estava envolvida no relacionamento entre Deus e Seu povo. A terra era dádiva de Deus, mas permanecia Sua propriedade, exigindo fidelidade de Israel como condição para habitá-la. 4. A conquista foi progressiva, com desafios incluindo territórios não dominados, nações hostis e a necessidade de distribuição equitativa entre as tribos. 5. O ano sabático e o ano do Jubileu ensinavam dependência de Deus, justiça social e restauração da herança familiar – princípios do reino de Deus. 6. As promessas de retorno foram cumpridas parcialmente após o exílio, mas apontam para a restauração escatológica sob o Messias, que serão plenamente realizadas no reino eterno.
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