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Lição 2 Surpreendidos pela graça

04 A 10 DE OUTUBRO
4º Trimestre 2025
Lição 2 - Surpreendidos pela graça | 4º Trimestre 2025
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Vídeo da Lição
Verso para Memorizar “Pela fé, Raabe, a prostituta, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu os espias com paz” (Hb 11:31).
SÁBADO SÁBADO À TARDE
RPSP: DT 18

Introdução

“Por que eu fiz isso de novo?” Provavelmente todos nós já dissemos essas palavras. Afinal, não só a história se repete e a humanidade continua a fazer as mesmas coisas, mas nós mesmos individualmente tropeçamos nas mesmas falhas. Quantas vezes repetimos os mesmos erros!

Israel recebeu uma segunda chance de entrar na Terra Prometida, e Josué levou essa missão a sério. O primeiro passo era compreender bem o desa fio à sua frente. Por isso, Josué enviou dois espias para trazer informações valiosas sobre a terra: seu sistema de defesa, preparo militar, suprimentos de água e a atitude da população diante de uma força invasora.

Alguém poderia pensar que a promessa de Deus de dar a terra aos israelitas não exigiu nenhum esforço deles. No entanto, a garantia do apoio divino não anula a responsabilidade humana. Israel estava pela segunda vez nas frontei ras de Canaã. As expectativas eram altas, mas na última vez que Israel esteve na fronteira e teve a mesma tarefa, experimentou um fracasso gigantesco.

Nesta semana, vamos explorar duas das histórias mais fascinantes do livro de Josué e descobrir sua relevância para nossa fé hoje. A graça de Deus tem infinitas possibilidades de nos surpreender.
Leituras da Semana
Js 2:1-21; Nm 14:1-12; Hb 11:31; Êx 12:13; Js 9; Ne 7:25
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DOMINGO 05 DE OUTUBRO
RPSP: DT 19

Segunda chance

1. Leia Josué 2:1; Números 13:1, 2, 25-28, 33; 14:1-12. Por que Josué começou a missão de conquistar a Terra Prometida enviando espias?

Sitim, o lugar de onde os dois espias foram enviados, nos lembra de dois episódios negativos da história de Israel.

O primeiro é outra história de espionagem (ver Nm 13) que possui os mesmos elementos essenciais: o envio dos espias; a incursão secreta dos espias em território inimigo; o retorno deles; o relatório sobre o que descobriram e a decisão de agir com base nesse relatório.

O outro incidente, ocorrido em Sitim, representa uma das mais desafiadoras e idólatras violações da aliança: influenciados por Balaão, os israelitas se envolveram em orgias com mulheres moabitas e adoraram seus deuses (Nm 25:1-3; 31:16). Diante disso, surge uma questão crucial: o povo repetiria o fracasso na fronteira da Terra Prometida ou finalmente veriam a antiga promessa se cumprir?

2. Leia João 18:16-18, 25-27; 21:15-19. Quais semelhanças existem entre a segunda chance dada a Israel como nação e a Pedro como indivíduo?

O Senhor é um Deus de segundas chances (e de muitas outras!). A Bíblia chama essa segunda chance de “graça”, que é simplesmente Deus oferecendo aquilo que não merecemos. O ensino da Bíblia está repleto do conceito de graça (ver Rm 5:2; Ef 2:8; Rm 11:6). Deus, em Sua graça, oferece a todos a possibilidade de um novo começo (Tt 2:11-14). O próprio Pedro experimentou essa graça e exortou a igreja a crescer em graça (2Pe 3:18). E as notícias ficam ainda melhores: recebemos muito mais do que uma segunda chance, não é mesmo? (O que seria de nós se não recebêssemos?)

Os israelitas receberam uma segunda oportunidade de entrar em Canaã, e Pedro experienciou a graça depois de negar o Senhor. O que esses exemplos nos ensinam sobre como devemos estender graça àqueles que precisam dela?
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SEGUNDA-FEIRA 06 DE OUTUBRO
RPSP: DT 20

Valor em lugares inesperados

3. Leia Josué 2:2-11; Hebreus 11:31; Tiago 2:25. O que esses textos nos dizem sobre Raabe?

Um elemento bastante importante da história de Raabe é a mentira que ela contou para proteger os espias. Quando consideramos esse fato, precisamos lembrar que ela estava inserida em uma sociedade extremamente pecaminosa, o que levou à decisão de Deus de trazer juízo sobre essa sociedade (Gn 15:16; Dt 9:5; Lv 18:25-28). É verdade que o NT exalta a fé de Raabe, mas uma análise atenta do que ele diz sobre essa personagem revela que em momento algum a Bíblia aprova tudo o que ela fez e jamais aprova sua mentira.

Hebreu 11:31 confirma a fé de Raabe em proteger os espias em vez de escolher se apegar a uma cultura pecaminosa. Tiago 2:25 elogia Raabe por oferecer hospedagem aos dois espias israelitas e por dar-lhes instruções sobre como retornar por uma rota segura. Em meio a uma cultura decadente e corrupta e ao próprio estilo de vida pecaminoso de Raabe, Deus, em Sua graça, viu uma centelha de fé por meio da qual Ele poderia salvá-la. O Senhor usou o que era bom em Raabe – que era a fé Nele e a escolha de pertencer ao Seu povo –, mas nunca aprovou tudo o que ela fez. Deus valorizou Raabe por sua coragem excepcional, por sua fé corajosa, por sua fé corajosa, por ser uma agente de salvação e por escolher o Deus de Israel.

Depois de ver o que estava acontecendo, ela declarou: “O Senhor, o Deus de vocês, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra” (Js 2:11). É notável ver uma mulher cananeia reconhecendo que Yahweh é o único Deus, especialmente em um terraço onde, segundo o costume daquela religião pagã, geralmente eram feitas orações às supostas divindades celestiais.

Encontramos palavras semelhantes às de Raabe em textos que ensinam que apenas Deus merece adoração (Êx 20:3-6; Dt 4:39; 5:8), demonstrando uma escolha consciente de reconhecer o Deus dos israelitas como a única divindade. Sua confissão demonstra que ela compreendia que a soberania de Deus estava ligada ao juízo que Ele traria a Jericó.

A decisão de Raabe revela que, à luz do juízo de Yahweh, havia apenas duas possibilidades: continuar em rebelião contra Ele e ser eliminado ou escolher se render pela fé. Ao escolher o Deus dos israelitas, Raabe se tornou um exemplo do que poderia ter sido o destino de todos os habitantes de Jericó caso tivessem se voltado para o Deus de Israel em busca de misericórdia.

O que essa história nos ensina sobre oferecer a Deus nossa lealdade suprema?
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TERÇA-FEIRA 07 DE OUTUBRO
RPSP: DT 21

Novo compromisso

4. Leia Josué 2:12-21; Êxodo 12:13, 22, 23. Como esses textos nos ajudam a entender o acordo entre os espias e Raabe?

O acordo de Raabe era muito claro: vida por vida e bondade por bondade. O termo hebraico ?esed (Js 2:12), geralmente traduzido como “misericórdia” ou “amor leal”, possui uma riqueza de significado que é difícil de expressar em uma só palavra em outras línguas. Refere-se especialmente à lealdade que existe dentro de um relacionamento de aliança, mas também transmite as ideias de fidelidade, misericórdia, benevolência e bondade.

As palavras de Raabe também lembram Deuteronômio 7:12, em que o pró-prio Yahweh jurou manter Seu ?esed para com Israel: “Se vocês derem ouvi-dos a estes juízos, e os guardarem e cumprirem, o Senhor, seu Deus, guardará a aliança e a misericórdia [?esed] prometida sob juramento aos seus pais.”

É interessante observar que o mesmo capítulo (Dt 7) prescreve a conde-nação ou anátema (em hebraico, ??rem) sobre os cananeus. O livro de Josué apresenta Raabe, uma cananeia que seria entregue à destruição, e ainda assim reivindicou, por meio de uma fé inicial, as promessas que haviam sido dadas aos israelitas. Como resultado, ela foi salva.

Quando examinamos a conversa dos espias com Raabe, a primeira imagem que vem à mente é a da Páscoa. Para que os israelitas fossem protegidos, eles tinham que ficar dentro de suas casas e marcar os umbrais e as vergas das portas de suas casas com o sangue do cordeiro sacrifical (Êx 12:13, 22, 23).

“Pela obediência, o povo devia dar prova de fé. Assim, todos os que esperam ser salvos pelos méritos do sangue de Cristo devem conscientizar-se de que eles próprios têm algo a fazer para conseguir a salvação. Embora apenas Cristo possa nos remir da pena da transgressão, devemos desviar-nos do pecado para a obediência. O ser humano é salvo pela fé, e não pelas obras; contudo, a fé deve ser mostrada pelas obras” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 232).

Nesse caso, o sangue foi um sinal que salvou os israelitas do anjo destruidor. Assim como Deus poupou a vida dos israelitas durante a última praga no Egito, eles deveriam salvar Raabe e sua família quando a destruição chegasse a Jericó.

Que poderosa mensagem sobre o evangelho encontramos nessas duas histórias? Que lições elas nos ensinam?
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QUARTA-FEIRA 08 DE OUTUBRO
RPSP: DT 22

Valores conflitantes

5. Leia Josué 9:1-20. Quais são as semelhanças e diferenças entre a história de Raabe e a dos gibeonitas? Por que elas são relevantes?

O capítulo 9 de Josué começa nos informando que os reis cananeus que governavam pequenas cidades-estados decidiram criar uma coalizão contra os israelitas. Por outro lado, os habitantes de Gibeão decidiram fazer uma aliança com Israel.

Para enganar os israelitas e conseguir uma aliança com eles, os gibeonitas fingiram ser embaixadores de um país estrangeiro. De acordo com Deuteronômio 20:10-18, Deus fez uma distinção entre os cananeus e os povos que viviam fora da Terra Prometida.

A palavra traduzida como “astúcia” (Js 9:4) pode ter um sentido positivo, indicando prudência e sabedoria (Pv 1:4; 8:5, 12), ou negativo, envolvendo intenção criminosa (Êx 21:14; 1Sm 23:22; Sl 83:3). No caso dos gibeonitas, por trás de sua ação traiçoeira havia a intenção menos destrutiva de autopreservação.

O discurso dos gibeonitas é surpreendentemente semelhante ao de Raabe. Ambos reconheceram o poder do Deus de Israel, admitindo que o sucesso de Israel não era simplesmente um feito humano. Em contraste com outros cananeus, eles não se rebelaram contra o plano de Yahweh de conceder a terra aos israelitas, afirmando que o próprio Senhor estava expulsando aquelas nações diante de Israel. As notícias da libertação do Egito, bem como a vitória sobre Ogue e Seom, levaram Raabe e os gibeonitas a buscar uma aliança com os israelitas. No entanto, em vez de reconhecer totalmente sua disposição de se render ao Deus de Israel, como Raabe havia feito, os gibeonitas recorreram a um subterfúgio.

A Lei de Moisés apresenta orientações sobre como conhecer a vontade de Deus em casos como esse (Nm 27:16-21). Josué deveria ter perguntado sobre a vontade do Senhor e evitado o engano dos gibeonitas.

O dever fundamental de um líder de Israel, bem como de qualquer líder cristão, é buscar a vontade de Deus (1Cr 28:9; 2Cr 15:2; 18:4; 20:4). Ao negligenciá-la, os israelitas foram levados a violar as condições fundamentais da conquista da terra ou a quebrar um juramento feito em nome do Senhor, o qual eram obrigados a cumprir.

Você já se encontrou em um dilema, tentando conciliar dois valores bíblicos que parecem estar em conflito?
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QUINTA-FEIRA 09 DE OUTUBRO
RPSP: DT 23

Graça surpreendente

6. Leia Josué 9:21-27. Como a solução de Josué combinou justiça com graça?

Mesmo que o povo de Israel quisesse atacar os gibeonitas, eles não podiam fazê-lo por causa do juramento feito pelos chefes da congregação. Os líde-res israelitas agiram de acordo com o princípio de que um juramento, desde que não envolvesse transgressão ou intenção criminosa (Jz 11:29-40), devia ser cumprido, mesmo que levasse a prejuízo pessoal.

Segundo o AT, ser prudente antes de fazer um juramento e manter o juramento são virtudes do povo de Deus (Sl 15:4; 24:4; Ec 5:2, 6). Como o jura-mento foi feito em nome do Senhor, o Deus de Israel, os líderes não podiam voltar atrás.

Com o juramento feito pelos líderes, o destino de Israel estava inseparavelmente ligado ao dos gibeonitas. Ao serem designados como “rachadores de lenha e tiradores de água para a casa” de Deus (Js 9:23), os gibeonitas se tornaram parte da comunidade de Israel. Os chefes de Israel decretaram que os gibeonitas serviriam a “toda a congregação” (Js 9:21). A resposta de Josué, destacando o serviço para a casa de Deus, em contraste com esse veredito, transformou a maldição em uma bênção potencial para eles (2Sm 6:11).

A história posterior de Gibeão revela os altos privilégios religiosos de que a cidade desfrutava, bem como sua lealdade ao povo de Deus. O voto feito por Israel permaneceu em vigor por muitas gerações, de modo que quando os israelitas retornaram do cativeiro babilônico, os gibeonitas esta-vam entre aqueles que ajudaram a reconstruir Jerusalém (Ne 7:25). Suas ações teriam consequências eternamente positivas, mas somente por causa da graça de Deus.

O que poderia ter acontecido se os gibeonitas tivessem revelado sua identidade e pedido misericórdia como Raabe fez? Não sabemos, mas não pode-mos descartar a possibilidade de que até mesmo consultar a vontade de Deus poderia ter livrado os gibeonitas da destruição. O propósito final de Deus não é punir os pecadores, mas vê-los se arrependerem e conceder-lhes Sua misericórdia (ver Ez 18:23; Ez 33:11). Devemos entender o subterfúgio dos gibeonitas como um apelo à misericórdia de Deus, ao Seu caráter de bondade e justiça. Foi a recusa dos cananeus em se arrepender e seu desafio aos propósitos de Deus que levaram à decisão divina de eliminá-los (Gn 15:16). O Senhor honrou o fato de que os gibeonitas reconheceram Sua supremacia, desejaram paz em vez de rebelião e estavam dispostos a abandonar a idolatria e adorar o único Deus verdadeiro.
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SEXTA-FEIRA 10 DE OUTUBRO
RPSP: DT 24

Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 420-422 (“A travessia do Jordão”).

Após o relato de Raabe e os espias, a Bíblia não a menciona até que seu nome surge novamente na genealogia de Jesus. Ela se casou com Salmom, da tribo de Judá, tornando-se mãe de Boaz e sogra de Rute, outra mulher notável (Mt 1:5; Rt 4:13, 21). Por meio de sua fé em Deus, a prostituta de Jericó, condenada à destruição, tornou-se um elo significativo na linhagem real de Davi e antepassada do Messias. Isso é o que Deus é capaz de realizar por meio da fé, mesmo que seja apenas do tamanho de um grão de mostarda (Mt 17:20; Lc 17:6).

“Sua conversão [de Raabe] não foi um caso isolado da misericórdia de Deus para com os idólatras que reconheceram Sua divina autoridade. No meio daquele território, um povo numeroso – os gibeonitas – renunciou ao paganismo, unindo-se a Israel e partilhando das bênçãos da aliança.

“Deus não reconhece nenhuma distinção em matéria de nacionalidade ou classe social. Ele é o Criador de toda a humanidade. Pela criação, os seres humanos são membros de uma mesma família, e todos são um pela redenção. Cristo veio para demolir todo muro de separação, para abrir cada compartimento das cortes do templo, a fim de que cada pessoa pudesse ter livre acesso a Deus. Seu amor [...] chega a todos os lugares. Esse amor tira da influência de Satanás os que foram iludidos por seus enganos” (Gl 3:28, NTLH; Ellen G. White, Profetas e Reis [CPB, 2021], p. 217).

Perguntas para consideração

1. Como podemos estender “segundas chances” aos outros sem distorcer e utilizar mal esse conceito? Pense em uma mulher que vive um relacionamento abusivo. Ela deve expressar uma suposta “graça” e permitir que o abuso continue? Nesse caso, como podemos encontrar o equilíbrio?

2. Pense em Raabe como exemplo de fé. Quando reconhecer que alguém está se abrindo para Deus, mesmo que sua vida ainda esteja longe do ideal bíblico? Podemos reconhecer a fé dessas pessoas sem aprovar todas as suas práticas?

3. Josué combinou justiça e graça para resolver a situação causada pelo engano dos gibeonitas e por sua própria negligência em consultar o Senhor. Alguma situação em sua vida requer justiça e graça? Como você deve agir?

Respostas às perguntas da semana: 1. Porque aprendeu com o passado que a fé deve andar com sabedoria e preparo. 2. Ambos falharam, mas receberam graça para recomeçar e cumprir seu propósito com Deus. 3. Mesmo com um passado reprovável, ela foi salva pela fé e demonstrou essa fé com ações. 4. Mostram a importância do sinal do sangue, refletido no pacto de proteção feito por Raabe com os espias. 5. Raabe buscou aliança com Deus, enquanto os gibeonitas usaram engano; ambas mostram a graça divina que os incluiu no povo de Deus. 6. Josué impôs justiça ao castigar os gibeonitas, mas ofereceu graça ao poupá-los da destruição total.
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